TELA ANTIGA
Fitando-a ficava a nada ver
Se cego ia tomado a imaginar
A silhueta presa em meu olhar
Como a beleza sem formas de ser.
Não podia um espelho conceber
O encanto dos traços e apresar
A figura em mim a se formar
Fazendo a natureza opalescer.
Levei a idealizá-la a vida inteira,
Pintando-a num quadro à maneira
Dos mestres a avivar seus belos traços.
A tela de antes, arte aos sentidos,
Hoje, é um borrão que meus olhos tremidos
Veem torta, pendurada em outros braços.