SEREIA

Tendo o corpo curvado na banheira

Dava ao rosto o ar de quem espera

O imaginado que antes já se dera

Em mais de uma exótica maneira.

Por ter a alma errante e aventureira

Cedeu a quem às nuvens prometera

Levar-lhe do motel que lhe será

Recordado durante a vida inteira.

A boca ávida bebe lhe a inocência

E dali em diante passa a ter ciência

Que há partes de sereias na mulher

E o último mistério cai na água

Da banheira de ferro onde deságua,

Morrendo e matando por prazer.