ESCOLHA
Quer fresta na parede apertada,
Quer flor na funda vala disfarçada.
Se o ar falta, clama ao vento a presença,
Sob seus pés, conserva a desavença.
No ar selvagem nada a natureza,
Na má palavra flui o bom engano,
No real sonho se veste a crueza,
E navega para matar o dano.
Mas o longe diz palavras estreitas
Tecendo no peito, carvão e nada,
Ângulo agudo de dores perfeitas.
A realidade mata a poesia,
A alma em arte cria a verdade,
Ao poeta cabe a sorte que temia.