QUINTA ESTAÇÃO

Para uns a velhice é o outono,

Não passando a outros de um inverno,

Por sentirem na pele o inferno

Da ingratidão, desprezo e abandono.

Alguns velhos tem mesmo o ar de sono,

E dando forma a tal chavão eterno,

Vivem suas vidas presos no moderno

Mundo onde são só uns cães sem dono.

Sou velho e há em mim não sei por quê

Eterna primavera e ninguém vê,

Também, que em mim perene é o verão.

Dá-me de volta a vida o que plantei,

E em solo fértil, ainda, colherei

Bons frutos numa quinta estação.