SAUDADE
Saudade... Ai, como é boa esta coceira
Que, vira e mexe, ataca o coração,
E nunca passa, mesmo que se queira
Coçar o peito com a própria mão.
Quando vem, ela passa a tarde inteira
E a noite provocando a comichão,
E de manhã, ainda a traiçoeira,
Se peço, diz: “não vou embora, não”.
E coça, coça tanto, minha amiga,
Que sinto mal estar, mas o que intriga
É o quanto goste vê-la a me coçar.
Sinto-me um cãozinho e a saudade
É uma coceira boa que me invade,
Se em teus braços me estou a imaginar.