VELHICE

Fumo esperança, bebo alegria,

Uma leitura boa me embriaga,

O bem-estar que sinto nada estraga,

Por não viver mais como antes vivia.

Ainda sinto aquela velha azia,

Resultado da vida vida hoje sem vaga,

Mas um chá de sossego logo afaga

A queimação e assim não perco o dia.

A boemia faz parte da memória

Que, aqui e ali, esquece a história,

Mudando muita coisa do que foi.

Eu sinto, sim, um pouco de enfado,

Mas das dores por quais tenho passado

A da alma é aquela que mais dói.