Remanso

Degustava o silêncio como quem aprecia uma paisagem

distante, na ânsia eterna de encontrar somente a si

no refúgio sem sons, no alento calmo destas paragens

que esperam pela voz daquele que sereno, disser “nasci”

Nada trouxe, além de calma luz e constância indizível

ao mundo que corta o impenetrável com doída frieza

abrindo sulcos no intocado coração, beiradas do invisível

cujo despertar, pesou na emoção, destituído de pureza

Resta a espera distraída da profundidade onírica

que velejando pelo oceano claro de ondas breves,

deságua no cais, absorta na própria fagueira lírica

Assim leve, assim livre de balbúrdia inclemente,

ganha os ares uma límpida certeza de mansidão

acobertando a alma daquele que nada mais sente

Flora Fernweh
Enviado por Flora Fernweh em 04/05/2021
Reeditado em 04/05/2021
Código do texto: T7248065
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