ALMA SOMBRIA
Eu não posso dizer mais que te amo,
Ou que desamo, não posso dizer,
Por isso em mudo fico a enlouquecer,
Vendo o pensar aos ventos feito um ramo.
Do coração mil vezes eu reclamo
E da razão sempre ando a maldizer,
Porque se quero extinto, me dão ver
Que o sentimento sem querer inflamo!
Em mim a alma sempre se inquieta
A querer o alarde de um poeta
Sobre um amor que em versos só existe.
Se amo ou desamo, a que se presta
Dizer, se a razão e o peito em festa,
Deixam-me a alma mais sombria e triste.