QUARTO ALUGADO

Moro em mim num quarto apertado

Onde, às vezes, eu não me caibo inteiro,

Sem porta de saída, e o terreiro

É o mundo a estender-se do outro lado.

Este cômodo a mim foi alugado,

Por um contrato que não li inteiro,

E mais que às cláusulas eu seja ordeiro,

O dono impõe o que não foi firmado...

Sendo o lugar estreito e mesquinho,

Tantas vezes pensei num puxadinho

Onde ao invés de um coubessem dois...

Até idealizei um duplo espaço,

Mas pondo o senhorio muito embaraço,

Entre mim e o que eu quis tudo interpôs.