A FOLHA

Ah, esse corpo estranho! Ah, esse corpo opaco...

Estranho todo eu, estranhamente fraco...

Reluz a escuridão que me deixou alerta,

Rasgando o peito são, deixando a chaga aberta.

Ah, essa vibração! Ah, esse intenso vácuo...

Vibra dentro de mim, rangendo feito um saco,

Retumba, e seu tambor o alvo alheio acerta,

Instiga a precisão da profissão poeta.

Ah! Essa tinta fresca... Ah! Essa folha espera

Meus dedos em seu corpo a transcrever quimera,

Ardendo em ânsia louca, e a retorcer-se assim.

Ah! Quando eu vejo a ti, de pele tão alvinha,

Me aqueço internamente, e tua tez só minha

Já sente a explosão que sai daqui de mim.

Jackson Viana
Enviado por Jackson Viana em 15/03/2021
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