A FOLHA
Ah, esse corpo estranho! Ah, esse corpo opaco...
Estranho todo eu, estranhamente fraco...
Reluz a escuridão que me deixou alerta,
Rasgando o peito são, deixando a chaga aberta.
Ah, essa vibração! Ah, esse intenso vácuo...
Vibra dentro de mim, rangendo feito um saco,
Retumba, e seu tambor o alvo alheio acerta,
Instiga a precisão da profissão poeta.
Ah! Essa tinta fresca... Ah! Essa folha espera
Meus dedos em seu corpo a transcrever quimera,
Ardendo em ânsia louca, e a retorcer-se assim.
Ah! Quando eu vejo a ti, de pele tão alvinha,
Me aqueço internamente, e tua tez só minha
Já sente a explosão que sai daqui de mim.