OLHARES...
Tão jovem, pés descalços, contra o vento
Levava a casa o riso de criança,
Até que o meu olhar tímido alcança
O seu olhar furtivo, mas sedento...
Eu também jovem, sob o encantamento
Da excitação, senti rija a lança
Do desejo vibrando numa dança
Que pôs a timidez no esquecimento.
E ouvi beijos morrendo em suspiros
Na quietude calma dos retiros
Onde viramos sáficos adultos.
Pura quimera, nada houve entre a gente,
Até os olhos cruzarem novamente,
Vendo claro os desejos mais ocultos.