REVELAÇÃO
Ao barbear-me, diante do espelho,
Não estava presente no que vi.
Havia alguém, mas não reconheci
O sujeito a imitar-me em corpo velho.
Trazia ainda na alma um fedelho,
Sem ligar para os anos que vivi,
E vendo-o que vontade eu senti
De jogar na imagem o aparelho!
Tirando os pelos, fiz caras e bocas,
E das feições ridículas e loucas.
Cada vez mais o espelho me gozava.
Já barbeado, vi que o destino
Moldara à cara e ao corpo do menino
O estranho ser que ali me assombrava.