LUA DE PAPEL

Mostrar que há céu na terra prometeu

E em jogo infantil de faz de conta

Levou-me a um banco ali na ponta

Do parque onde o milagre aconteceu.

O banco era uma lua de papel

E em seu embalo logo fiquei tonta

Pelo empuxo, quando ele se monta,

Elevando a lua até o céu.

Fiz-me irmã de astros distraídos

E de estrelas atentas aos gemidos

De dois corpos celestes sobre o chão.

De manhã, findo o jogo e o sol já posto,

Sozinha ao pé da lua com desgosto

Vi que meu céu da terra era ilusão.