CAIS
Hoje a saudade foi grande demais
E explicá-la não é nenhum segredo,
Pois desde o acordar, ainda bem cedo,
Senti-me barco longe de um cais.
Da boca ofegante quantos ais
Ouvi da tremulante voz com medo
De que se condenasse ao degredo
Quem renegar o amor não foi capaz.
Os ventos impuseram a distância,
Levando as ondas longe a esperança
Do retorno um dia à antiga vida.
A saudade, porém, saltou do sonho
E o barco à deriva hoje ponho
Ancorado ao porto de partida.