FINGIMENTO
Por nada mais haver entre nós dois
De todo o passado esqueci,
Tanto assim que nem reconheci
O eu de antes, olhando o de depois.
A quem contei em nada se dispôs
A acreditar em mim, ser delirante,
Tentando esquecer, pra todo instante,
Lembrar, em teima de ir e vir veloz.
Dizem dá pena vê-lo amargurado,
Em busca de apagar todo o passado,
Em um sofrer em poucos bem curado.
Sei que finjo, também, pois quantas vezes
Tenho lembrado, meses após meses,
O eu de antes por ela sendo amado.