RUGAS E CÃS

Já nem sei mais se eu fui diferente...

Rugas fundas, cãs ralas eu sufrago

Lauréis honrosos que no rosto trago

Como fossem da vida um presente.

Aquele antigo eu não está ausente,

Numa parte de mim, também, o trago

E aqui e ali o vejo em um náufrago

Sem vida e que do fim não está ciente.

No riso é onde mais ele aparece

E vindo meu espírito aquece

Por um momento breve e incomum.

Tenta fazer-me igual a outros que fui,

Mas digo ao espelho onde ele se dilui

Que dos que fui não quero ser nenhum.