ALMA DE SANHAÇU
Minha alma de sanhaçu anda perdida,
Parece um anum cego o que se ver.
Não tendo mais razão para viver,
Depois que uma das asas foi ferida.
Vejo que vaga um tanto ensandecida,
Passando pelo mundo como a ler
Em braile a história do meu ser
Sem encontrar sinais em sua lida.
Saiu do corpo um dia e foi à praça,
Voltando logo, assim, meio sem graça,
Como fosse o que é, anjo chinfrim.
Quis se mostrar, querendo ser um astro,
Cantou, mas de uma funda tendo lastro,
Ferida em voo, restou quedar-se em mim.