ESCRAVIDÃO

O senhor branco ia toda noite

Deitar-se às carnes rijas da escrava

Submissa que à cobiça se entregava

Sem puder se esquivar do rude açoite.

A mulher branca anuía ao amoite

No dorso negro, já que ofertava

O lombo branco ao negro que gozava

De sua intimidade no pernoite.

Um sobre o leito duro da senzala

E o outro no dossel nobre de gala

Tinha na carne a própria escravidão.

Oravam de manhã pela fraqueza,

Vendo a negra humilde por a mesa

E o feitor ir soberbo à plantação.