PERDÃO
Amarguradamente, o rancoroso espera
Que do rancor guardado nasça rubra rosa,
Mas vê, tempos depois, que flor nenhuma gera...
Não brota nem capim dum'alma rancorosa!
Espera, ressentido, que essa mágoa valha
Por cada chaga aberta e por perdão devido,
Mas vê, tempos depois, que amola uma navalha
E a mão que a segurar vai lhe deixar ferido.
Já no seu peito rijo, a raiva acomodada
Corrói-lhe o coração, que, pouco a pouco, nada
Consegue mais sentir, e nem amor promete.
E aquele que o perdão recusa dar a alguém
Precisará depois pedir perdão também...
"Perdoai — disse Deus — setenta vezes sete!"