PERDÃO

Amarguradamente, o rancoroso espera

Que do rancor guardado nasça rubra rosa,

Mas vê, tempos depois, que flor nenhuma gera...

Não brota nem capim dum'alma rancorosa!

Espera, ressentido, que essa mágoa valha

Por cada chaga aberta e por perdão devido,

Mas vê, tempos depois, que amola uma navalha

E a mão que a segurar vai lhe deixar ferido.

Já no seu peito rijo, a raiva acomodada

Corrói-lhe o coração, que, pouco a pouco, nada

Consegue mais sentir, e nem amor promete.

E aquele que o perdão recusa dar a alguém

Precisará depois pedir perdão também...

"Perdoai — disse Deus — setenta vezes sete!"

Jackson Viana
Enviado por Jackson Viana em 12/11/2020
Código do texto: T7109675
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