TIMIDEZ
Se estou distante, tudo é chamego,
Não falta beijo, abraço e nem sorriso,
Mas de perto, acanhado e indeciso,
Nem a balbuciar teu nome chego.
Esqueço-me do assunto a que me entrego
Dia e noite, e quando mais preciso,
Some a voz, e nada mais diviso
Do que a mudez na qual pouco me apego.
Distante, minha ânsia se acalma
E do amor corrente em minha alma
Nem a ti e a ninguém faço segredo.
De perto, mesmo a olhar pra ti me furto,
Prostra-se a alma, o corpo cai em surto,
E até de respirar eu tenho medo.