VOZ DO OLHAR

Não falei hoje nada de amor,

Eu deixei que os olhos, tão somente,

Dissessem em silêncio o que sente

Quem em voz alta tanto já falou.

Preso a seu rosto, fiz-me expectador

De um momento todo diferente,

Antes em ânsia, a boca eloquente,

Por não saber dizer nada, calou.

Enquanto pelos olhos ia falando,

Eu percebi os dela, escutando,

Abrirem-se quais dois brilhantes sóis.

E contente, de peito quase à mão,

Li nas piscadas que seu coração

Falava de amor, também, sem voz.