Petrarca. Cancioneiro, I.

Original:

Voi ch'ascoltate in rime sparse il suono

di quei sospiri ond'io nudriva 'l core

in sul mio primo giovenile errore

quand'era in parte altr'uom da quel ch'i' sono

del vario stile in ch'io piango e ragiono

fra le vane speranze e 'l van dolore,

ove sia chi per prova intenda amore,

spero trovar pietà, non che perdono.

Ma ben veggio or sí come al popol tutto

favola fui gran tempo, onde sovente

di me medesmo meco mi vergogno:

e del mio vaneggiar vergogna è 'l frutto,

e 'l pentersi, e 'l conoscer chiaramente

che quanto piace al mondo è breve sogno.

Tradução minha:

Vós que escutais o som que esparso rimo

co'os suspiros com que a alma me nutria,

erro que a juventude assaz premia,

outrora eu era outro, ora sublimo,

eu, que em estilo vário choro e exprimo

na vazia esperança e na agonia

de convencer quem por amor ardia,

se não a perdoar-me, o dó estimo.

É bem verdade que do vulgo arguto

fui muito tempo assunto, fartamente,

de modo que de mim eu me envergonho:

e do meu divagar vergonha é o fruto,

e o arrepender-me, e o ver mui claramente

que quanto apraz ao mundo é breve sonho.

Alexandre Ziani de Borba
Enviado por Alexandre Ziani de Borba em 28/10/2020
Reeditado em 28/10/2020
Código do texto: T7098383
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