IDADE

Há uma coisa que ficando velho,

Confesso, eu não gosto é da idade,

Ela se sente a dona da verdade

E foi não foi a mim quer dar conselho.

Ora, há muito eu deixei de ser fedelho,

Sem pai e mãe, sou dono da vontade,

Eu tenho sobre mim autoridade

E diante a nada fico de joelho.

O grande paradoxo é não gostar

Da tirana e nunca me livrar,

Estando preso a ela até o fim.

Mas velho vive a idade do engano

E da surdez e, assim, bolei um plano

De não ouvir o que ela diz a mim.