TORRÃO DE AÇÚCAR

Eu sou um torrãozinho de açúcar

Que em tigela d’água se desfaz,

Adoça suco, bolo e satisfaz

Quem a vida deseja açucarar.

Mas quem vier com pressa preparar

Uma calda de açúcar é capaz

De, não sabendo bem como se faz,

Deixar o que era doce se estragar.

É preciso acertar bem a mexida

E o fogo, até a calda ser servida

No capelo de um bolo ou pudim.

Na impaciência, à chama alta da teima,

A calda se amarga e quando queima

Transforma em fel o açúcar que há em mim.