DOCE PRISÃO

Moro em mim e, às vezes, gosto tanto

Que penso a ter comigo um namoro

E entregue a mim próprio, sem decoro,

Sinto não precisar de outro encanto.

Se às pessoas causa certo espanto

Meu modo de viver, em um sonoro

Gargalhar eu lhes mostro que me adoro

Por que em mim tudo tem seu canto.

Mas, por falar em canto, ao pé de mim,

Existe uma horta e um jardim

Onde pássaros cantam na alvorada.

Chamam por quem venha à minha porta

E mostre que alma em si tão absorta

Poderá não se ver aprisionada.