PATA DE CAMELO
Um camelo deixou sobre a areia
Do deserto escaldante do desejo
A marca de sua pata e no ensejo
Vieram pensamentos de mancheia.
A brecha entre os dedos dava a ideia
De entrada à cobiça num enredo
Em que ao ventre da terra em festejo
Ingressava enlaçado à boleia.
Acolchoada e larga eu via a pata
Molhada de suor indo à cata
De oásis fervilhantes de segredos.
Imaginei-me à sela pondo a perna
E entre as corcovas indo à eterna
Busca do que sabiam os seus dedos.