Amada Flor
Essa Flor do Lácio, que eu amo tanto,
e que chamou “inculta e bela” o poeta,
inda que se revele intrincada ou incerta,
trás-me todo encantamento e todo espanto.
Trás-me o riso, e também me trás o pranto,
com a valente disposição do esteta,
com a silente contrição de um asceta,
e o evidente poder dum novo canto.
Ah! Flor do Lácio! Meu candente abrigo,
meu refúgio, meu lar, meu esconderijo,
em ti mergulho pra me ocultar do mundo...
E quanto mais te persigo, mais te perco,
não há cilada que possa fazer-te cerco,
pois que tua raiz foi plantada bem fundo...