Represa
Antes corria livre com tamanho brio,
Seguindo seu traçado anticartesiano,
Com a impassividade serena cada ano,
Num constante labor a deslizar macio…
Vieram então barragens cerceando o rio,
Represando-lhe as forças com poder insano,
A médio e longo prazo vai causando dano
E o futuro a ficar cada vez tão sombrio.
Então logo assoreia, perde o viço e o peixe,
Barrada a correnteza se desfaz do feixe
De vida e a natureza vai perdendo a luta.
Igualmente sou rio d'águas reprezadas,
Imensos borbotões de lágrimas cansadas,
Lágrimas, cada qual com sua dor oculta.
Aracaju - Sergipe, 04/07/2020