Bile negra

Me afoguei na aguardente de uma vida comum

que se aguarda inconstante feito escuro líquido

derramado na profundeza de um vazio insípido

em torrentes que chovem, as tristezas de um bebum

A nuvem negra paira antes do brilho da manhã

estremecendo o corpo com gotas agulhadas

o sol do dia não raiou, nem uma luz acanhada

adentrou nas trevas da borbulhante agrura pagã

Cura para o que sou e explicação dos mistérios

nunca existiram, empenhar-se é teimosa crueldade

com o mundo já cansado de chorar cemitérios

É somente com as lágrimas da vida que salgo

as águas doces da ilusão brusca e repentina

em marés castanhas de meu eu: figadal fidalgo

Flora Fernweh
Enviado por Flora Fernweh em 04/08/2020
Código do texto: T7026252
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