Bile negra
Me afoguei na aguardente de uma vida comum
que se aguarda inconstante feito escuro líquido
derramado na profundeza de um vazio insípido
em torrentes que chovem, as tristezas de um bebum
A nuvem negra paira antes do brilho da manhã
estremecendo o corpo com gotas agulhadas
o sol do dia não raiou, nem uma luz acanhada
adentrou nas trevas da borbulhante agrura pagã
Cura para o que sou e explicação dos mistérios
nunca existiram, empenhar-se é teimosa crueldade
com o mundo já cansado de chorar cemitérios
É somente com as lágrimas da vida que salgo
as águas doces da ilusão brusca e repentina
em marés castanhas de meu eu: figadal fidalgo