EU SINTO
Eu sinto a podridão da voz desse sujeito,
Escarnecendo o mundo com seu ódio cru,
Como se a cada fala ouvisse um urubu...
Ou mesmo um caminhão me pressionasse o peito.
Eu sinto tanto horror! É tanto horror! De um jeito
Que não disfarço mais o meu desprezo nu...
Um asco que me faz ver nele um guabiru,
Apesar de se impor como um padrão perfeito.
Eu sinto, apavorado, os dedos seus, cruentos,
Por sobre o meu pescoço a sufocar-me o ar,
Calando minha voz com socos violentos.
Mais hei de ver seu fim... o mal há de findar...
Há de nascer nos povos novos sentimentos
Fazendo ele cair e, enfim, o amor reinar.