Merveilleux

Conquanto o tenro ocaso aplaude a vida

as predições do tempo vão correndo

A tua prosa atende reprimida

e tua carne seca vai moendo...

Mananciais contemplam a batida

da música cruel acontecendo

Que açoita minha orelha comprimida

à supressão do mundo retorcendo...

Assim nós vamos percebendo a morte

enquanto descobrimos nossa sorte

Eu resto morto ao tempo, o meu abismo...

Revelo-me sombrio ao grande acaso

Comigo eu tenho a vela d'um ocaso

é sempre a vida ou morte o mesmo cismo.

Ledo Literato
Enviado por Ledo Literato em 28/06/2020
Reeditado em 28/06/2020
Código do texto: T6990783
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