MAR DE SONHO
As águas nunca irão se acostumar
Às represas, depois de gota a gota,
Em solo raso ou em profunda grota,
Ser rio, transformando-se em mar.
Caso um dia, encontrando no vagar
Um paredão de pedras em sua rota,
A vontade de ir não se esgota
Num contratempo a mais a se encarar.
Escavam rochas, delas se desviam,
Não passando por onde elas queriam,
Cortando outros rumos, vão seguir.
As águas são do peito apaixonado
O amor que, às vezes, mesmo represado,
Ao mar de sonho um dia há de ir.