MOTIM

Vou sabotar as últimas estrofes,
Mas antes, eloquente, tecerei
O que alguém chamaria de soneto,
Mesmo sem mapas, rimas ou certezas.

– Porque sou quem recorta as peças, sou
Quem embaralha as linhas deste obtuso
Quebra-cabeças, quem jamais revela
O que sente, moral de luz e sombra.

Afundo meus delírios de vitória
E tranco portas como se as abrisse,
Pois sigo amotinando meus navios.

Se, tão falível, planto o rumo incerto
que seus olhos percorrem sem saber,
fique atento – poesia é puro abismo. 

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