SONHO A DOIS

Desperto e ao ver o sonho ir embora,

Escanchado nas asas de uma estrela,

Rogo-lhe vele o sono da donzela

Que à noite velo em mim a toda hora.

E abrindo em seu sono uma janela,

Invada sua mente sonhadora

E erga com fios de ouro da aurora

O castelo onde estive a sós com ela.

Rogo, ainda, que, dormindo novamente,

A mesma ideação ligue a gente

E a noite dure um tempo sem depois.

E a cama onde durmo a dela enlace

E o sonho às nossas mentes tenha a face

Do amor que ao dia não une nós dois.