ATRAPALHADO

Troco os pés pelas mãos, sempre que tento,

Com um dedo de prosa ao pé do ouvido,

Dizer-te que no mundo ando perdido

Cheio de dor, de mágoa e desalento.

É por ver-me às tuas mãos por um momento

E noutro a teus pés estar rendido,

E às minhas mãos não ter o amor querido

Que perseguem meus pés em sofrimento.

E minhas mãos são ternas no enlaço

Às tuas distanciadas que dão o laço

A deixar os meus pés fora do chão.

Troco as mãos pelos pés, quando não digo

E os pés pelas mãos quando maldigo

Não revelar o que há no coração.