ENTARDECER À NOITE

Nada como das cores as nuances dum entardecer

As bambinelas penduradas, na sacada dum gosto,

Sentir a brisa no rosto a janela que faz estremecer

Ver o rio correr como do vinho o melífluo do mosto

Esparsadas, as nuvens, são de algodão, a solfejar

Cantigas de amor ao sol que se põe, diminutivo de

Um dia que se fez rei, quando o zénite era d´ corar

As roupas estendidas nos varais quando o vento lê

O livro da vida não se fazendo rogado d´seu poder

Nem de sua importância insofismável, que, a tudo,

Comanda cá de longe como a um qualquer viril ser

Nisto a noite já vai alta como sombras de mil gatos

E a lua estremecendo e agonizando no seu mundo

Parece querer mostrar a cor cinza de alguns ratos.

Jorge Humberto

13/10/07

Jorge Humberto
Enviado por Jorge Humberto em 17/10/2007
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