IMAGINANDO
Abro os sonhos e as pernas se abrem juntas,
Como folhas de livro onde ao meio
Das dobras costuradas em recreio
Meus olhos vão fazendo mil perguntas.
Fecho a noite e de dia sonoleio,
Imaginando as soltas ou conjuntas
Folhas de pernas presas pelas juntas,
Vindo à direção onde esperneio.
Mas não, não é pra mim o livro aberto
A desfolhar-se, e em mau agouro aperto
O peito, vendo a outros olhos indo.
Posso até ler as páginas externas
Da capa de brochura, as internas,
Contudo, jamais hei de as ver se abrindo.