ESTUFA
Mal chego perto e o peito quase arrufa,
Sentindo o inebriante e doce cheiro
Das flores cultivadas no canteiro
Suspenso de uma quente e bela estufa.
O pé do coração se empantufa
Ao tocar as miúdas por primeiro,
E as grandes, se olhos não lhes aligeiro,
Soltam a inveja que nelas se estufa.
Mas divido igualmente a boa rega
E cada flor contente a mim entrega
As pétalas torcidas de prazer.
Reclama sem razão quem eu namoro
Por dar-me tanto às flores que adoro,
Se ela é estufa que sempre estou a ver.