CASACO DE LÃ

De leve as mãos roçavam o novelo

De lã, atravessado por agulha,

E apreciando a cena em fagulha

Vi-me a sentir seus dedos sobre o pelo.

Sentindo os toques dados com desvelo

Nas rugas do novelo vi-me um pulha

Pelo sangue a ferver como se hulha

Queimasse o corpo inteiro em atropelo.

Imaginei se o dono do casaco

Incompleto ia sentir mesmo um naco

Da emoção que frui somente a ver.

Já que antes de vestir queria logo

Tirá-lo e apagar ligeiro o fogo

Da cobiça em mim, vendo-a tecer.