A CRIANÇA QUE HAVIA EM MIM…
Olhei-me no espelho da água e não me reconheci,
Criança sem afecto que cresceu depressa de mais.
Soletrei meu nome na pedra que mui cedo entrevi,
Como não entendi também não percebi meus ais.
Que buscava eu não sei ainda, menino de seus pais;
Virou a água chuva e a chuva eterno e justo jardim.
Quando procurei bem junto dos novíssimos madrigais
Alguém que me dissesse, porque estaria eu então ali.
Quando, num parque ali perto, pude ver as crianças,
Sorrindo a tudo e a todos, como só elas sabem fazer.
E, com a força que restava em mim, fui das esperanças
Buscar o sorriso, que há tanto, de mim se escapulia.
Só então me apercebi, se alguma coisa aqui quero ser,
Tenho de perceber que essa coisa se chama alegria.
Jorge Humberto
12/10/07