Salto
Eu quis saltar em vão de um edifício
ao precipício e ao céu - contínuo ato
Que desperdício! Eu sei. Nada hodierno
e ainda eterno o inferno nem é fato...
Por que morrer então se a morte é cega
e sega a vida a qualquer tempo e afaga
cada ferida, amor, tormento e chaga
e aos que ela abraça ardor jamais lhes nega?
Não tenho medo e não salto do prédio...
Volto ao remédio de todos os dias
em que vazia a vida é puro tédio.
Não vou mais cedo! Eu cedo à esta ironia
vendo em segredo a morte e seu assédio
enquanto vejo a luz de um novo dia...