TEMPO

O tempo é fio de ar que entre os dedos

Escorre sem tocar em outra mão,

Para levar consigo a impressão

Da palma, sem promessas de segredos.

E do que escuta nunca cria enredos

Fantasiosos e o que à primeira mão

Ouve conta na certa estação

Indiferente a cóleras e a medos.

Nunca esconde nada em nuvem negra

E o que a gente atormenta e alegra

Um dia será sempre revelado.

E nesse passo mil vezes tocou

Os dedos de quem sofreu por amor

Que só ao tempo pode ser contado.