SONHO
Com a imaginação, mesmo acordado,
Dou-me a despetalar mimosa flor
Que em bem-me-quer do jogo sem pudor
Retribui o afeto que lhe é dado.
E a flor que deixa o sonho perfumado
E à derradeira pétala me achou
É quem em seu jardim ainda não notou
Em mim o colibri tão esperado.
Mas na realidade onde me ponho
Acordado ou dormindo, vivo o sonho
De despetalar a flor viva no talo.
E das roupas de pétalas nenhuma
Fica no corpo nu que se perfuma
De outra flor que em mais ânsia despetalo.