PAIXÃO E AMOR
A paixão desce um rio violento
Que se interrompe e nunca chega ao mar,
Se em leito em formação se deparar
Com diques feitos por mau sentimento.
Ou se na enxurrada o barramento
Com a força do ciúme derrubar
E, deixando de ser rio, no ar
Desfazer-se à cascata de tormento.
Já o amor que desce um rio antigo
Com todo o traçado conhecido
Mantem-se em rota calma e segura.
E ao colher filetes da paixão
Sublimada em chuvas de verão
Em mar de luz e paz finda a aventura.