SENTINELA
Minha janela prende-se à janela
De certa casa à frente pelo olhar
Lançado toda noite pra velar
Quem em mim tem atenta sentinela.
Não há paisagem noutra aquarela
De encanto tal que possa se igualar
A ela de livros às mãos a encenar
Os sonhos das camélias de novela.
Imagino-me, às vezes, em seu sonho
E noutras mudo a forma e me ponho
No livro a arrancar dela um sorrir.
E invejo mais o livro quando o vejo,
Depois de se aquecer em seu bocejo,
Tombar na camisola de dormir.