INIMIGO ÍNTIMO

Eu ando sempre muito aborrecido

E não sei bem por que isso acontece.

Não há nada de errado, mas parece

Que em algo certo nunca pus sentido.

De vez em quando dou-me parecido

Ao animal que ruge e se enfurece

Com a imagem que ao espelho aparece

E com um predador é confundido.

Há momentos que sento no escuro,

Olhando dentro e fora a ver se apuro

De que lugar espreita o inimigo.

Mas sendo a luz acesa, me aborreço

Muito mais, se em mim eu reconheço

O inimigo que em outros eu persigo.