SONETO DA QUARENTENA
Para o meio da rua eu não vou
Nem vou trazer a rua para casa
Não quero me isolar na cova rasa
De quem saiu e a morte encontrou.
Se hoje não preciso ir ao doutor,
Queixar-me que por baixo algo vaza,
Ou por cima o esôfago está em brasa,
Vou mesmo é fazer nada onde estou.
Nada é assim um modo de dizer,
Pois em casa há sempre o que fazer
E até tentar o que não se faz mais...
Vou ler um livro, ver um filme antigo,
Quem sabe tomar vinho com o amigo
Que fui de mim e que deixei pra trás.