VILA DO SONETO

A vila parecia um soneto

De quatro quadras onde em ruas velhas

Quatorze casas punham sob as telhas

Um romance noturno e secreto.

Em certa casa ao meio de um quarteto

Morava quem de finas sobrancelhas

Jogava em rima os olhos de abelhas

Sobre o jardim de meu corpo inquieto.

E às noites de olhar em sentinela,

Corria as estrofes da viela,

Em busca de seu quarto de dormir.

E na traição do amor criava o verso

De ouro que nem todo o universo

Poético ainda é capaz de repetir.