DO NADA RESSURGINDO

Foram tantos anos desdenhando do amor,

Entregando-me a um fado quase sacrilégio,

Que eu chego a temer perder o seu pendor,

Da desdita me afastar e todo seu sortilégio.

Ainda assim, guardo comigo, o breve louvor,

Que foi não ter perdido, do mundo régio,

Toda a sua contestação, preservando o calor

Das ruas e da fronte o armistício de um colégio.

Porém a vida fora madrasta comigo mesmo,

E quando eu tentei obter a sua assunção,

Não colhi mais que um restrito mundo a esmo.

Hoje, não dou nada por dado, a luta se faz

Dia-a-dia, com a força que tem um coração,

Que, ferido de morte, de erguer-se foi capaz.

Jorge Humberto

09/10/07

Jorge Humberto
Enviado por Jorge Humberto em 11/10/2007
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