Morte nos olhos
É imprecisa a hora do adeus
e cruel é a pecha do destino,
eu, que me dôo no meu desatino,
não reconheço os baços olhos teus.
Lá onde a vida, triste, se escondeu,
há um fio tênue e pequenino,
mais frágil que o sonho do menino,
do qual até a vida já se esqueceu.
E a maldade quer romper o fio,
e assassinar de vez o desfastio,
lá onde o coração já o percebeu.
E segue, indiferente e vazio,
o olhar do viajante sombrio,
que nem se lembra que o sonho feneceu.